Museu virtual vai preservar a história de famílias do Noroeste‏

Um museu sem acervo físico e sem sede, mas mesmo assim um museu. O Museu Virtual Memória e Vida, que o Instituto Museu Memória e Vida (IMMV) pretende lançar em janeiro 2011, propõe um novo tipo de museologia, com um formatação que lembra uma página de relacionamentos, um foco na juventude e uma proposta em resgatar histórias familiares.

"É diferente de um site de museu, em que você conhece o acervo que existe em uma instituição. O museu virtual pressupõe que não há um acervo físico", explica o consultor do IMMV, Marcelo Seixas. Seixas explica que para ser um museu virtual, um portal ou site deve pesquisar, ensinar e preservar um acervo e se denominar como museu, o que pressupõe, entre outras coisas, que se tenha um museólogo responsável, uma das exigências do Estatuto dos Museus.

No caso do Museu Virtual Memória e Vida esse profissional é o museólogo Ivanei Silva. "Existem muitos sites que cumprem essas funções mas não se definem como museus virtuais e nem cumprem as exigências do estatuto", diz Seixas.

Como o museu virtual do IMMV terá a aparência de uma rede de relacionamentos como o Orkut ou Facebook, a intenção do museu é atrair adolescentes e jovens para contar as histórias de suas famílias nas páginas do portal.

"Esse é o nosso público alvo". "Queremos que o jovem volte a dar valor à sua família e à sua história", diz Edson Pereira, diretor do IMMV. "Maringá é uma cidade jovem e parte de sua história está se perdendo. Teremos um resgate familiar e também do agricultor, que faz parte da origem da maioria das pessoas, mesmo das mais urbanas. O agricultor foi por muito tempo colocado como aquele que lida com o sujo e esta é uma visão equivocada".

A intenção do IMMV é que através do Museu Virtual Memória e Vida as famílias possam organizar e disponibilizar na net seu patrimônio cultural e sua história através de vídeos, fotos, documentos, textos e gravações de testemunhos.

"Entre as ferramentas que deverão estar disponíveis do portal estão roteiros para se fazer entrevistas com matriarcas e patriarcas das famílias e outras sugestões, como, por exemplo, a gravação de como preparar pratos típicos que são passados de geração para geração", diz Seixas.

Reaproximação

As informações disponibilizadas no portal, segundo Seixas, poderão ficar acessíveis a qualquer pessoa ou a grupos específicos, como familiares de primeiro grau, de segundo grau e amigos próximos. O museu também terá, na opinião de seus criadores, a função de reaproximar familiares e amigos separados pelo tempo.

"Nós identificamos, ao fazer as pesquisas para o Museu da Agricultura (outro projeto do IMMV, um grande museu físico previsto para inaugurar em Maringá no segundo semestre de 2011), que a partir de 1975, quando houve a Geada Negra, muitas famílias e laços de amizade se romperam e se distanciaram. Com esse museu conseguiremos reencontrar pessoas que não se viam há muito tempo", diz Seixas.

Patrocinador

O Museu Virtual Memória e Vida está previsto para ser lançado em 2011. Com projeto aprovado pela Lei Rouanet no valor de R$ R$ 347 mil, incluindo uma contrapartida social através manutenção de um portal para economia criativa para Maringá e região para fomentar a utilização da Lei Rouanet por empresários, o IMMV está a procura de patrocínios.

Esse patrocínio, segundo Pereira, seria utilizado em ações de apoio do site, como permitir ao visitante digitalizar, gratuitamente, imagens e documentos históricos de sua família para inclui-los em sua página do museu virtual. "Entretanto, temos condições de lançar o portal mesmo sem não conseguirmos esse patrocínio", diz Pereira.

PARA LEMBRAR

Existem outros museus virtuais em funcionamento atualmente no Brasil, como o Museu Virtual do Brasil (www.museuvirtualbrasil.com.br), o Museu Virtual de Arte Brasileira (www.museuvirtual.com.br) e o Iandé - Museu Virtual de Arte Indígena e Tradicional do Brasil (www.iande.art.br/museu/museuvirtual.htm).