Rentistas não discutem BC futuro, querem juros altos já... Basta à inflação subir, mesmo que, como agora, por fatores sazonais ou conjunturais, que começa a ladainha por juros altos. Esquecem de propósito e não querem nem ouvir falar na banda de 2,0% para cima ou para baixo. A fala do ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, na "Entrevista da 2ª" da Folha de S.Paulo é bem ilustrativa disso.
Ainda que, aparentemente, feitas simultaneamente, outra entrevista, esta do ministro Guido Mantega à Carta Capital funciona como excelente contraponto à série de matérias em que os jornais e revistas expuseram o choro dos rentistas. Por isso eu recomendo, também, a vocês a sua leitura.
Como demonstraram reportagens e o principal editorial deste domingo do Estadão - "Mantega ataca de novo" - os rentistas estão viúvos e desamparados, mais desarvorados do que nunca com a saída do dr. Henrique Meirelles da presidência do BC, sua substituição por Alexandre Tombini e a manutenção do ministro Guido Mantega à frente da Fazenda. Querem porque querem, exigem juros altos. E já.
Não querem nem saber de discutir e analisar como o BC funciona; em que metodologia e dados se apoia para definir a inflação; qual é a sua filosofia; porque não tem em suas metas a busca do pleno emprego, como tem o FED - o banco central dos Estados Unidos; como funcionam os BCs pelo mundo...
Rejeitam liminarmente essa discussão - e qualquer outra nessa linha e em torno disso - porque sabem que esse debate daria razão ao Ministro Mantega e aos que no Brasil se opõem a política conservadora deles, embalada numa linguagem técnica e pretensamente neutra, mas defensora dos interesses do capital financeiro e dos rentistas (leiam, também, post abaixo).