Estrada Boiadeira: do sonho à realidade
Zeca Dirceu
A Estrada Boiadeira completa, em 2010, um século de história. As primeiras clareiras que rasgaram a mata nativa datam de 1910 e serviam de passagem para o gado trazido do Mato Grosso ao Paraná. Daí a origem do nome, estrada Boiadeira. Na década de 1950, com o processo de colonização do norte e noroeste do Paraná em franco crescimento, o governo do Estado planejou a construção de uma estrada sobre o mesmo traçado ligando o município de Campo Mourão até Porto Camargo, passando por Cruzeiro do Oeste.
No entanto o trecho entre Cruzeiro e Campo Mourão, até hoje não concluído, permanece arraigado no consciente da população que clama e exige sua pavimentação. Ainda criança, ouvia minha mãe contar as façanhas vividas no período que como funcionária da Acarpa, hoje Emater, enfrentou o barro e a lama em dias de chuva; ou então a poeira a sufocar os viajantes e moradores do local.
Os benefícios de fato serão imensos. A ponte sobre o rio Paraná, em Porto Camargo, está concluída. Com a completa pavimentação da rodovia, o Estado passará a contar com o chamado Corredor Setentrional de Exportação, responsável pelo escoamento de uma parte substancial da soja produzida no Estado vizinho ao porto de Paranaguá. Em 1986, o governo do Paraná retomou os trabalhos chegando a concluir 25 km de asfalto, mas a obra foi suspensa por irregularidades detectadas pelo Tribunal de Contas da União – TCU. A paralisação fez com que todo o serviço de terraplanagem que se encontrava pronto fosse destruído, além de provocar o assoreamento dos rios e suas nascentes.
A partir de 2005, como prefeito de Cruzeiro do Oeste, estive em Brasília por diversas ocasiões para tratar do tema com os ministros Alfredo Nascimento e Paulo Sérgio Passos, dos Transportes, além do diretor presidente do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT, Luiz Antonio Pagot. A grande dificuldade foi que o processo voltou a estaca zero, ou seja, era preciso recomeçar uma série de procedimentos burocráticos e legais.
Nestas negociações foi possível regularizar tanto questões de natureza técnica como problemas ambientais, ausência de licenças e o cancelamento dos contratos suspeitos. Em paralelo, mantive inúmeras reuniões com parlamentares das mais diversas bancadas para demonstrar a importância dessa rodovia e lutar pela inclusão de emendas no orçamento da União. Em 2009, a ordem de serviço para o reinício das obras chegou a ser dada, mas o TCU impediu por questões burocráticas ainda relativas a sua suspensão do contrato de 1999.
O meu compromisso como deputado federal é intensificar a luta que tenho travado desde de 2005 pela conclusão da Estrada Boiadeira. Até então, todos os esforços estiveram centrados na conclusão da fase técnica e na superação dos trâmites legais. Agora, no governo da presidenta Dilma Rousseff, vou retomar as negociações políticas para finalmente concretizar um sonho de milhares de paranaenses.
Uma das fontes de recursos à disposição do País é a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento, que prevê investimentos da ordem de R$ 50,4 bilhões só para as rodovias brasileiras. Entre os anos de 2011 e 2014, o governo pretende expandir 7.919 quilômetros de rodovias; fazer a manutenção de 55 mil quilômetros e direcionar recursos para execução de novos projetos num total de 12.636 quilômetros.
Certamente o projeto da Estrada Boiadeira estará incluído entre essas prioridades.