Até morto votou em Mandaguari: denúncia reforça pedido de anulação de urna no PED no município

A coordenação da chapa “O PT Mais Perto de Você”, que disputa a presidência estadual do Partido dos Trabalhadores no Paraná, protocolou nesta terça-feira (29) um dos mais graves pedidos de impugnação do Processo de Eleições Diretas (PED 2025): a constatação de que um filiado já falecido constou como votante na urna do município de Mandaguari, no segundo turno da eleição, realizado no último domingo (27).

O caso envolve Adão de Lima , portador do CPF 619.377.119-00 e inscrito no Cadastro Nacional de Filiados (CNF) do PT sob o nº 1240318. Segundo consulta formal à base de dados da Receita Federal do Brasil, o filiado consta como falecido desde o ano de 2023. Apesar disso, seu nome aparece como ativo na lista de presença da eleição municipal e, mais grave, com assinatura registrada no caderno de votação. O voto foi computado normalmente.

A denúncia levanta suspeita de falsificação de assinatura e fraude material no processo eleitoral partidário. De acordo com o Regulamento do PED, apenas filiados com documento de identificação em mãos podem votar e devem assinar a lista no momento do voto. A ocorrência de voto em nome de um eleitor morto fere diretamente as normas internas do partido e compromete a validade da urna.

Na contagem oficial, a urna de Mandaguari registrou 123 votos válidos, sendo 118 (96%) destinados ao atual presidente estadual do PT, deputado Arilson Chiorato, e 5 (4%) ao seu opositor na disputa, o deputado federal Zeca Dirceu. O pedido de anulação da votação em Mandaguari foi encaminhado à Comissão Executiva Estadual do PT/PR, com cópia à Secretaria Nacional de Organização (SORG), com base na infração ao regulamento eleitoral e nos precedentes da própria Câmara de Recursos do partido, que em decisões recentes anulou eleições em municípios com situações semelhantes.

Impugnações em série

O caso do “morto votante” não é isolado. A coordenação da chapa de Zeca Dirceu afirma já ter formalizado mais de uma dezena de pedidos de impugnação de urnas no Paraná, com base em irregularidades graves. 

Em nota, a coordenação da chapa “O PT Mais Perto de Você” afirma que só reconhecerá o resultado final do PED no Paraná após o julgamento de todos os recursos em última instância, pela Direção Nacional do partido. A pequena diferença entre os dois candidatos — menos de 1% dos votos válidos após 97% das urnas apuradas — reforça a relevância e a urgência das decisões sobre as impugnações pendentes.

As chapas têm até esta quarta-feira (30) para apresentar os pedidos formais de impugnação, conforme previsto no regulamento interno do PED 2025.

Recursos

Dos 33 recursos julgados pela Executiva Estadual nesta quinta-feira (31), 46% foram favoráveis à chapa de Arilson Chiorato, atual presidente estadual e candidato à reeleição, enquanto apenas 25% dos pedidos de impugnação apresentados por Zeca Dirceu foram aceitos. A decisão ampliou a vantagem de Arilson em 489 votos na contagem oficial.

A Executiva seguiu o regimento partidário ao impugnar urnas de municípios que realizaram o PED em locais diferentes do previamente anunciados, como Adrianópolis, Engenheiro Beltrão e Rio Bom. Também foi impugnada, de forma acertada, a votação em Mandaguari, onde foi comprovado voto em nome de um filiado falecido.

Contudo, permanecem questionamentos sobre a ausência de providências em outros casos, como votações realizadas em residências particulares, o que contraria a exigência estatutária de que o processo ocorra em espaços públicos. “O PT Mais Perto de Você” afirma que continuará denunciando as irregularidades e cobrando o respeito ao regimento e aos princípios democráticos internos do partido.

Em nota, a chapa de Zeca Dirceu informou que só reconhecerá os resultados do PED 2025 no Paraná após o julgamento definitivo de todos os pedidos de impugnação e recursos pelas instâncias nacionais do partido. Com uma margem inferior a 1% dos votos válidos entre os dois candidatos, a coordenação argumenta que ainda não é possível declarar um resultado final legítimo.