Reunião com especialistas discute preço do leite

O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) e sua equipe, promoveram na última quarta-feira, 5, uma reunião online para debater e buscar soluções a respeito do preço do leite. As dificuldades dos produtores estão relacionada à queda do preço do produto. 

Zeca Dirceu disse que já levou o caso ao vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e à Camex (Câmara de Comércio Exterior), a preocupação dos produtores do Paraná, Rio Grande Sul e Santa Catarina com o aumento da importação de leite e derivados e seu impacto na produção nacional. O assunto já foi debatido com o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). “O Brasil importou quase 70 mil toneladas de leite, creme de leite e laticínios no primeiro quadrimestre deste ano, o triplo de comparado ao ano passado e estamos conscientes do quanto isto tem prejudicado nossos produtores”, disse o líder do PT na Câmara dos Deputados. 

O coordenador da Claf, Edenilson Robson de Souza, afirmou que a cooperativa não é conta e exportação ou importação de produtos, porém, é o preço do leite que determina a sobrevivência dos pequenos e médios agricultores familiares. “Se continuarmos abrindo tanto para a importação do leite e seus derivados, como o leite em pó, vamos desfazer e desmantelar uma importante atividade da agricultura familiar, e é a agricultura familiar que dá sustentação para muitas regiões do Paraná”, explicou. 

Fabiano Oswald do MDA e Agricultura Familiar, ainda reiterou a importância de discutir o tema do comércio do leite. “É um desafio para nós enquanto governo fazer com que famílias que ainda resistiram na atividade possa continuar se mantendo. Temos uma série de medidas que vamos tomar a respeito do leite que está entrando muito barato no Brasil. Temos o compromisso com fortalecer as cooperativas produtoras de leite”, afirmou. 

O encontro contou com a presença do representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Fabiano Oswald, da Secretaria de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar do MDA; do presidente da Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar (Claf) de Salto do Lontra, Edenilson Robson de Souza; do coordenador da Fetraf Paraná, Elizandro Krajczyk; da superintendente do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar no Paraná, Leila Klenk; do diretor do Departamento de Comercialização do Ministério da Agricultura e Pecuária, Silvio Farnese; da Secretaria de Política Agrícola; do analista do Ministério da Agricultura, João Antônio Fagundes Salomão; da diretora do Departamento de Negociações e Análises Comerciais, Ana Lucia Oliveira Gomes da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais, também do Ministério da Agricultura; da deputada estadual Luciana Rafagnin (PT); e outras lideranças da agricultura paranaense.  

Demandas dos produtores de leite

De acordo com o coordenador da Fetraf Paraná, Elizandro Krajczyk, afirmou que a cadeia leiteira é uma atividade fundamental para o combate à fome no Brasil e para a geração de renda. “Estamos vivenciando um momento muito difícil. O problema da crise do leite é um ‘abacaxi que temos para descascar’ que ficou do governo Bolsonaro que publicou a resolução que facilitava a entrada do leite e infelizmente essas medidas seguem até o final do ano e, hoje, o cenário é outro e o problema precisa ser resolvido, porém o atual governo, junto com o MAPA, está compromissado com revogar essa resolução”, disse. 

Os agricultores pedem políticas emergenciais e, a curto prazo, a Contraf defende o restabelecimento das tarifas originais de importação e a implementação de tarifa externa comum para a importação de leite e seus derivados dos países do Mercosul por um período de seis meses.

A Contraf defende que o governo federal compre a produção leiteira da agricultura familiar e de suas cooperativas, visando os mercados institucionais, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e formação de estoques, além de garantir um preço justo para o leite pago aos produtores.

Em médio prazo, a Contraf propõe a construção de uma política que assegure preços justos frente às oscilações do mercado, a definição dos valores no mês anterior antes de ser comercializado, o pagamento no máximo no quinto dia útil do mês e a redução de impostos sobre produtos da cadeia de produção.

“Além disso, o objetivo também é encontrar soluções para reduzir os custos de produção e implementar estratégias voltadas à autonomia da agricultura familiar, com novas alternativas tecnológicas, como por exemplo, a produção a pasto”, diz a Contraf;

Dados do Deral (Departamento de Economia Rural), o Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil, com 4,3 bilhões de litros produzidos em 2021, principalmente nas regiões dos Campos Gerais e do Sudoeste. Esse volume gerou naquele ano Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 9 bilhões