FONTE: Poder360
Decisão do TSE aumentando inserções de Lula eleva peso da TV na campanha, mas militância é essencial para convencer indecisos.
José Dirceu
As pesquisas são uma foto, como a medição do tempo, e nos indicam tendências e caminhos, apontam acertos e erros, corrigem discursos e atitudes, alertam. Muitas vezes não detectam todas as variáveis da realidade, porque dependem do fator humano, da luta política e social e –o mais importante– do imprevisto e do acaso. Assim como ocorre em nossa vida.
Para nós que estamos com Lula (PT), as recentes pesquisas apontam caminhos e correções, que precisam ser seguidos o mais rápido possível. O tempo é curto. E a militância nunca foi tão imprescindível, pois a disputa está apertada. Tem que estar todos os dias ocupando as ruas, com bandeiras e bonés, conversando com os indecisos, e disputando as redes.
O Nordeste continua sendo nossa reserva estratégica e nossa fortaleza, onde ganhamos a eleição e elegemos governadores no Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará. E temos palanques, no 2º turno, na Bahia e em Alagoas, no Sergipe, em Pernambuco e na Paraíba. E vamos crescer lá.
Assim como com a maioria dos trabalhadores, ali jogamos nosso futuro. Mas a classe média de baixa renda pode fazer a diferença e é preciso falar com ela nessa reta final de campanha, apresentando os pontos do programa de governo de Lula que a contempla: redução do imposto de renda; garantia de acesso ao SUS e à educação técnico-profissional e à escola integral; crédito barato para compra de casa própria e para empreender; renda para a cultura e o lazer.
O triângulo estratégico do Sudeste, São Paulo, Minas Gerais, onde vencemos, e Rio de Janeiro, passa a ser nosso calcanhar de Aquiles. É onde devemos defender nosso eleitorado e diminuir a diferença para assegurar a vitória que o Nordeste nos dará.
Não devemos subestimar o Norte. Vencemos no Pará e Amapá, onde também elegemos governadores aliados. Fomos bem no Amazonas, onde temos palanque, e podemos vencer na capital já que no interior vencemos no 1º turno e, assim, tirar a diferença de Roraima, Acre e Rondônia.
No Centro-Oeste, podemos e devemos diminuir a diferença a favor de Bolsonaro, temos mais campanha em vários Estados da região. No Sul, estamos crescendo no Rio Grande do Sul, onde Eduardo Leite (PSDB) não apoia Bolsonaro (PL) e temos palanque em Santa Catarina –lá a direita se dividiu e o governador, derrotado, não faz campanha para Bolsonaro no 2º turno. Mesmo no Paraná, onde perdemos, temos condições de reduzir a diferença pois dobramos nossas bancadas.
O FUTURO
Neste final de campanha, é preciso falar do futuro, do meio ambiente e da revolução educacional e que o programa de recuperação do nosso povo não é só uma renda mínima universal ou o combate imediato à fome, mas a criação de empregos. De dezenas de milhões de empregos, como nos anos dos governos Lula, e de mpregos também em áreas de tecnologia de ponta e melhor remunerados.
Uma nação como a brasileira que é um continente, a 5ª em território e a 6ª em população e uma das maiores economias do mundo (já foi a 6 e hoje é a 12 ) precisa voltar a ocupar seu lugar no mundo. Precisa voltar a ter voz e vez na América Latina e na América do Sul e nos fóruns multilaterais como ocorreu durante os governos do PT.
Reindustrialização não é só autossuficiência alimentar, energética e tecnológica. É condição para nosso povo ter emprego e renda média mundial, é segurança nacional num mundo em mudanças geopolíticas e disputas pela hegemonia e guerras.
Para a juventude é preciso apontar que a cultura, a educação serão de novo prioridades e serão reconstruídas. E que o novo governo vai investir em ciência e tecnologia para assegurar uma revolução tecnológica que crie oportunidades de um novo futuro.
Eleição não é apenas campanha tradicional, nas ruas e nas mídias eletrônicas de massa. É a guerra nas redes, e aí não se admite amadorismo. Mas nós temos apoio de influenciadores que fazem a diferença e devemos fazer o bom combate sem uso de fake news e baixo nível da campanha adversária, ilegal e suja.
Nessa reta final, a TV será um meio decisivo tendo em vista a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de conceder a Lula direito de resposta às mentiras veiculadas sobre ele nos programas de Bolsonaro – direitos de resposta agora suspensos por uma decisão monocrática de ministra da Corte Eleitoral.
Os debates são não apenas um confronto de ideias e propostas, mas de personalidades e histórias de vida e luta, de trajetórias de nosso povo em sua luta pela soberania, democracia e justiça social. Expõem a alma e a natureza de cada candidato, expressam a realidade política e social do momento, mobilizam, animam ou não nossa militância e nosso eleitorado e assim devem ser vistos e tratados.
Lula não é só candidato do PT. Ele representa uma ampla frente política e social para virar a página do bolsonarismo, do autoritarismo, das ameaças reais à democracia e ao Estado de Direito, ao negacionismo e
obscurantismo e ao fundamentalismo religioso.
É a esperança de que nosso povo e nosso Brasil possam se reencontrar para assegurar nossa liberdade e soberania e retomar o caminho do crescimento sustentável social e ambiental e nosso lugar no mundo. O que só será possível quando o povo ocupar seu lugar soberano como senhor de todas decisões e principal ator e beneficiário da riqueza produzida pelo seu trabalho e criatividade.
FONTE: Poder360 - https://www.poder360.com.br/opiniao/na-reta-final-papel-da-tv-vai-ser-muito-relevante/